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NBR 6122/2019 atualizada: Nova norma de fundações

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NBR 6122/2019 atualizada: Nova norma de fundações

A NBR 6122/2019 trata-se de uma norma regulamentadora de projetos e execução de fundações de qualquer tipo de estrutura especificada como convencional na Engenharia Civil.

Esta norma foi criada em 1986, passando por modificações no ano de 2010 e recentemente foi publicada sua mais nova revisão em 2019. A nova revisão da norma compreende alterações e incrementos importantes para o avanço e continuidade dos projetos de fundações.

Se você quer saber quais foram às alterações dessa nova revisão, como isso irá afetar a execução de projetos e obras de fundações e como proceder com essas mudanças em seus projetos, leia este artigo até o final.

O que está diferente na NBR 6122?

A nova revisão da norma contempla significativas mudanças e complementações, as principais alterações estão nos seguintes tópicos: análise de interação fundação-estrutura; cálculo de fundações profundas através de métodos estáticos; simplificação do texto para bloco de concreto; excentricidades de estacas isoladas e estacas dispostas segundo um alinhamento; efeito de vento nas fundações; estacas escavadas moldadas “in-loco”; mudança de texto no item fundações em sapata ou tubulões e prova de carga.

A seguir serão esclarecidas e exemplificadas as alterações de cada um dos itens citados acima:

Análise de interação fundação-estrutura (NBR 6122)

A análise de interação fundação-estrutura ou solo-estrutura é definida como a ponderação das deformações do solo e como tais deformações se inter-relacionam com a superestrutura. Na nova revisão a NBR 6122/2019 cita exatamente quais são os tipos de estruturas nas quais deve ser realizada obrigatoriamente a analise de interação fundação-estrutura.

Versão antiga (NBR 6122/2010):

Em estruturas nas quais a deformabilidade das fundações pode influenciar na distribuição de esforços, deve-se estudar a interação solo-estrutura ou fundação-estrutura.

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

Em estruturas nas quais a deformabilidade das fundações pode influenciar na distribuição de esforços, deve-se estudar a interação solo-estrutura ou fundação-estrutura, sendo obrigatório nos seguintes casos:

a) estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga total, tais como silos e reservatórios;

b) estruturas com mais de 55 m de altura, medida do térreo até a laje de cobertura do último piso habitável;

c) relação altura/largura (menor dimensão) superior a quatro;

d) fundações ou estruturas não convencionais.

Cálculo de fundações profundas através de métodos estáticos (NBR 6122)

No decorrer desses nove anos desde a última atualização da norma, é notória uma queda exponencial na qualidade da execução de fundações profundas, isso principalmente desencadeado pela vasta concorrência comercial, além da ausência de preparo dos operadores de equipamentos. E isso sucedeu muito provavelmente a seguinte alteração nos textos da norma:

Versão Antiga (NBR 6122/2010):

A versão de 2010 dizia que no caso específico de estacas escavadas (Hélice Contínua, Estaca Escavada Mecanicamente, Estacão, etc.), a carga total admissível deve ser no máximo 1,25 vezes a resistência do atrito lateral calculada na ruptura, ou seja, no máximo 20% da resistência total devem ser suportadas pela ponta da estaca. Isso significa dizer que 80% da carga total deve ser transferida pelo atrito/aderência lateral.

A versão antiga especificava ainda que quando RP > 0,20 RT, o processo executivo de limpeza da ponta deve ser especificado pelo projetista e ratificado pelo executor.

Radm ≤ 1,25.RT

 RP ≤ 0,20 RT ≤ 0,20 (RP + RL)

Onde:

Radm= Carga Admissível da estaca;

RL= Carga devida ao atrito lateral na ruptura;

RP= Resistência de ponta.

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

Na nova revisão a norma admite que a resistência da ponta terá como limite superior o valor da resistência por atrito lateral:

RP < RL e Padm = ( RP + RL ) / 2.

Caso o contato efetivo entre o concreto e o solo firme ou rocha não possa ser assegurado pelo executor, o projeto deve ser revisto: os comprimentos das estacas devem ser ajustados, na verificação do ELU (Estado Limite Último), à condição de resistência nula na ponta:

Rp = 0 e Padm = RL / 2

Simplificação do texto para bloco de concreto 

A respeito do item que se refere ao dimensionamento dos blocos de concreto (fundação rasa), o texto foi simplificado apenas para a condição do ângulo (β ≥ 60º).

Versão Antiga (NBR 6122/2010):

versão antiga blocos de fundação

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

nbr 6122 2019 blocos de fundação

Excentricidades de estacas isoladas e estacas dispostas segundo um único alinhamento 

Versão Antiga (NBR 6122/2010)

Na versão de 2010 a norma proibia o uso de estacas de diâmetro ou bitolas inferiores a 30 cm, sem travamento. Para estacas metálicas, a norma especificava que o diâmetro a ser considerado seria aquele do círculo circunscrito.

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

A nova revisão eliminou a restrição do o primeiro parágrafo da NBR 6122/2010, especificando apenas que as estacas isoladas e estacas dispostas segundo um único alinhamento devem ser projetadas com observância ao item 8.4.2, de modo a suportar os momentos introduzidos por excentricidades executivas estimadas pelo projetista. Basicamente o item 8.4.2 diz que todo projeto deve considerar o comportamento gerado por esforços horizontais ou momentos no dimensionamento das fundações, pois os mesmos podem gerar em estacas e tubulões a plastificação do solo ou do elemento estrutural.

Efeito de vento nas fundações (NBR 6122)

A respeito do cálculo em termos de valores característicos para o efeito do vento em fundações, a nova revisão realizou seguinte alteração:

Versão Antiga (NBR 6122/2010):

De acordo com a norma antiga de 2010, quando a verificação das solicitações fosse realizada considerando-se as ações nas quais o vento fosse à ação principal, os valores de tensão admissível de sapatas e tubulões, as cargas admissíveis em estacas poderiam ser majorados em até 30%.

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

Segundo a nova norma, esse coeficiente de majoração cai pela metade, ou seja, quando se tratar de solicitações obtidas de combinações de ações nas quais o vento é a ação variável principal, os valores de tensão admissível de sapatas e tubulões, as cargas admissíveis em estacas podem ser majoradas em até 15%.

Estacas escavadas moldadas in-loco (NBR 6122):

Este talvez seja o item (8.6.3) que sofreu a maior alteração com a nova revisão, ele se refere ao tipo de concreto e seus coeficientes de segurança. A mudança mais drástica foi sem duvidas, os valores da resistência máxima característica de projeto. Na nova versão os valores dependem estritamente da classe de agressividade ambiental (CAA) conforme a ABNT NBR 6118, o que justifica a elevação dos valores da resistência.

Essa alteração afeta principalmente o setor orçamentário das construções, visto que quando se aumenta o fck (resistência característica do concreto a compressão), o gasto para produção se torna maior, sendo assim repassado para o valor final dos empreendimentos.

Quanto à armadura, a nova norma está diferente também, onde o modelo de cálculo é alterado pela retirada do termo “tensão média” abaixo da qual é necessário armar, sendo agora apenas “tensão de compressão simples atuante” da qual não é necessário armar.

Versão Antiga (NBR 6122/2010):

versão antiga estacas moldadas in loco

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

nbr 6122 2019 estacas moldadas in loco e tubulões

Fundações em sapatas ou tubulões 

No item 9.2.1 houve uma alteração no texto, onde o novo texto aborda de maneira diferente por quem o solo de apoio de sapatas e tubulões deve ser aprovado, mais especificamente a palavra “engenheiro” foi substituida por “profissional habilitado”, consequentemente deixando uma margem de interpretação.

Versão Antiga (NBR 6122/2010):

nbr 6122 2010 fundações em sapatas ou tubulões

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

nbr 6122 2019 fundações em sapatas ou tubulões

Quanto à prova de carga 

Quanto ao item que se trata das provas de carga e quando devem ser realizadas, o texto continuou muito parecido, porém algumas condições foram adicionadas.

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

Na nova revisão da norma são adicionados alguns parágrafos, onde é especificado que nas obras em que os carregamentos principais provenientes da estrutura, nas condições de utilização mais frequentes durante a vida útil, forem os esforços de tração ou os esforços horizontais, é obrigatória a execução de prova de carga específica à tração ou esforço horizontal, com os mesmos critérios citados nesta subseção.

Avaliação técnica do projeto (NBR 6122)

Na versão antiga da norma (NBR 6122/2010) não existia definição para a avaliação técnica de projeto.

Versão Atualizada (NBR 6122/2019):

A avaliação técnica do projeto é essencial e obrigatória nos casos citados em 9.1 e deve ser conduzida antes da construção, de preferência simultaneamente com a fase de projeto.

O item 9.1 diz que o desempenho das fundações é verificado por meio de pelo menos o monitoramento dos recalques medidos na estrutura, sendo obrigatório nos seguintes casos:

a) estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga total, tais como silos e reservatórios;

b) estruturas com mais de 55,0 m de altura do piso do térreo até a laje de cobertura do último piso habitável;

c) relação altura/largura (menor dimensão) superior a quatro;

d) fundações ou estruturas não convencionais.

Essas foram as principais alterações na nova revisão da norma, caso ainda tenha alguma dúvida ou queira saber mais sobre o assunto de fundações clique aqui para acessar gratuitamente o meu minicurso.

Deixe nos comentários sua opinião sobre essa percepção das mudanças na norma de fundações.

Até a próxima!

1 COMMENT

  1. na minha opinião, e que se ouve mudança na norma, conserteza foi para melhoria das construções.

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