A correta interpretação dos laudos de sondagem são o primeiro passo para um projeto de fundações de qualidade.
A primeira etapa de qualquer projeto de fundação é o reconhecimento do solo e seu perfil estratigráfico. Esse reconhecimento é realizado a partir de ensaios de campo como o descrito na NBR 6484/01 – Sondagem de Simples Reconhecimento do Solo (SPT).
Por meio deste procura-se definir as camadas de solo e suas características, resistência do solo, nível do lençol freático encontrado no momento da sondagem.
Entender esse procedimento de ensaio é fundamental para memorizarmos a leitura e interpretação de um laudo de sondagem SPT.
Conheça o procedimento assistindo o vídeo abaixo:
O equipamento para realizar uma sondagem SPT é formado por um tripé com uma roldana, por onde passa uma cabo de aço e, em sua ponta, um peso de 65kg. Esse peso é lançado de uma altura padrão, 75cm, e bate em um amostrador que entra no solo ao longo das batidas, esse número de batidas no amostrador para avançar os 30cm finais é um índice que chamamos de NSPT.
Funciona da seguinte forma, o amostrador deve penetrar 45cm a partir das batidas com o peso. A cada 15 cm anota-se o número de batidas que foram realizadas para realizar o avanço.
Os 15cm iniciais são descartados e o que realmente deve ser considerado são o número de golpes para o avanço dos 30cm finais.
Para os 55cm restantes de cada cota o solo é removido com auxílio de trado helicoidal ou a percussão.
O NSPT utilizado para realizar o cálculo da pressão admissível é o número de golpes do martelo, para que o amostrador padrão penetre 30 cm no solo, após uma penetração inicial de 15 cm. Esse procedimento é realizado a cada metro de sondagem.
É comum que a penetração inicial não seja de exatamente 15 cm, quando isso acontecer não podemos simplesmente somar as duas últimas parcelas e dizer que esse valor é o NSPT.
Exemplo: 2/17 3/14 5/15
Leia: Dois golpes para avançar os 17cm iniciais. 3 golpes para avançar 14cm e 5 golpes para avançar 15cm. Totaliza-se 45cm de avanço.
Nesse caso deveremos apresentar o NSPT como 8/29, isso porque não ocorreu uma penetração de 15 cm na primeira parcela do ensaio e nem duas parcelas finais de 15 cm.
Mas qual o motivo desse avanço não ser exatamente 15cm conforme indicado anteriormente?
O que acontece é que na prática essa perfeição não existe. Analisaremos um ensaio de campo em que dificilmente número de batidas fecha exatamente com o avanço que queremos do amostrador. É muito comum empresas que apresentem laudos de sondagem, sempre com penetrações iguais a 15 cm. Isso é impossível acontecer na prática. Imaginem um furo de sondagem com 20 m de profundidade; serão 20 ensaios com 3 parcelas para cada ensaio, ou seja, serão 60 ensaios parciais, teoricamente com penetrações de 15 cm. O Prof. Teixeira costumava comentar que se isso ocorrer, então o solo é “Ensinado”.
Vamos agora a análise do laudo de sondagem, que você vai receber para realizar o projeto de fundações.
Deixei um laudo no link abaixo para que você possa acompanhar a explicação:
Eu destaquei as informações mais pertinentes e que devem ser foco na análise do laudo de sondagem SPT.
Na coluna resistência a penetração SPT (final), temos índice NSPT para os 30cm finais das diversas camadas de solo. A 1m por exemplo temos NSPT=3, a 2m NSPT=3 novamente, a 3m devido a consistência mole da argila arenosa identificada no ensaio foi necessário apenas 1 golpe para que o amostrador avançasse 40cm, com mais um golpe o amostrador avançou 25cm, ultrapassando os 45cm necessários para essa camada, devido a isso o NSPT para 4m ficou 1/25.
Outra informação importante é a descrição do material, que pode ser útil para correlações e outras análises.
Por último e não menos importante, deve-se analisar o nível de água no momento da sondagem. Essa informação é de extrema importância na escolha correta das fundações a serem executadas no local. No laudo de sondagem analisado percebe-se que o nível de água está a 7m em 13.08.2012. A data da sondagem é de extrema importância pois sabemos que o nível de lençol freático varia conforme época de seca, ou de chuva.
Até uma próxima, abraço!
Parabéns pelo Post. Sou aluno seu no curso fundações do zero, ainda não comecei porque estou finalizando outros cursos. Observando o laudo de sondagem, percebe-se que trata-se de um perfil muito ruim.
Na coluna resistência a penetração SPT (final), temos índice NSPT para os 30cm finais das diversas camadas de solo. A 1m por exemplo temos NSPT=3, a 2m NSPT=3 novamente, a 3m devido a consistência mole da argila arenosa identificada no ensaio foi necessário apenas 1 golpe para que o amostrador avançasse 40cm, com mais um golpe o amostrador avançou 25cm, ultrapassando os 45cm necessários para essa camada, devido a isso o NSPT para 4m ficou 1/25.
NÃO SERIA PARA 3m FICOU 1/25?
também penso que seja “a 3,0 m ficou 1/25”
assim como, “a 4,0m ficou 1/31”